Bandeira da Dinastia dos Artaxíadas |
Um Novo Rei, Uma Nova Dinastia
Artaxias I (também chamado de Artaxes ou Artashes; em, armênio Արտաշես Առաջին Բարեպաշտ, Artashes Arrajin Barepasht, Artashes I, o Piedoso) foi o fundador da dinastia dos Artaxíadas cujos membros governaram o Reino da Armênia por quase dois séculos. Artaxias I reinou de 190/189 a 160/159 a.C. Até o final do século III a.C., o reino da Armênia era composto de cerca de 120 domínios dinásticos (semi-reinos) governados por nakharars (líderes hereditários), frouxamente unidos sob os reis orôntidas da Armênia Maior e Menor. Apesar de Alexandre, o Grande, não conquistar a Armênia, a cultura helenística tinha fortemente impactado a sociedade armênia e o Império Selêucida, um dos sucessores do império de Alexandre, exercia forte influência política e cultural. Quando o rei selêucida Antíoco III derrubou o domínio dos Orôntidas sobre a Armênia, ele nomeou a Artaxias como strategos (governador militar). Quando da derrota de Antíoco III para os romanos na batalha de Magnésia em 190 a.C., Artaxias e Zariadres, o strategos de Sofene, revoltaram-se e, com o consentimento romano, começaram a reinar de forma autônoma com o título de rei, como assinala Estrabão (Geografia 11.14.15). Artaxias se tornou rei sobre a Grande Armênia e Zariadres sobre Sofene (Armênia Menor). De acordo com Estrabão, o reino de Artaxias incluiu a área do Mar Cáspio, Phaitakaran, Vaspurakan (a província de Van), Phaunitis, Taiq, Xorsene (Ardahan), Gogarene (Gougarq), Karenitis (Erzerum), Derzene (Derjan) e Tamoritis (Timoriq). Artaxias conquistou territórios do vale do rio Araks tomando-os da Ibéria Caucasiana (Kartli) e da Média Atropatene.
Artaxias por Robert Pashayan |
Um Novo Rei, Uma Nova Capital
De acordo com Estrabão e Plutarco, Artaxias também fundou em 187 a.C., às margens do rio Araks perto do Lago Sevan, a cidade de Artaxata ("alegria de Arta", atual Artashat na Armênia) como a nova capital do reino. Ele contou com a ajuda do general cartaginês Aníbal, que refugiara-se de seus inimigos romanos na corte armênia. Segundo Plutarco "foi dito que quando o Aníbal fugiu dos romanos e viajou para a Armênia, o cartaginês sugeriu ao rei armênio diferentes projetos e lhe ensinou várias coisas úteis. Quando ele viu a bela paisagem natural da Armênia, fez um esboço dizendo que era o lugar perfeito para o futuro estabelecimento da capital. O general cartaginês solicitou pessoalmente ao rei armênio supervisionar a construção da cidade. Após a conclusão das obras, tinha sido erigida uma bela grande cidade que foi nomeada Artaxata em homenagem a Artaxias.” A população da capital anterior, Yervandashat, foi transferida Artaxata. A cidade ficou conhecida como Ostann Hayots, a "corte" ou "sede dos armênios". Mais de uma dúzia de marcadores de contorno de pedra foram descobertos no território da atual Armênia desde a época do reinado de Artaxias com inscrições em aramaico, e antes de sua descoberta a existência dessas pedras foi atestada por Moisés de Chorene. Nestas inscrições Artaxias afirma que pertencia a antiga família real dos Orôntidas (Yervanduni), uma vez que refere-se a si mesmo como “Rei Artaxias, filho de Zariadres Orôntida”. Desde o tempo do antigo reino de Hayasas (século XIII a.C.) até o reino de Artaxias I, mais de mil anos se passaram e durante esse período os hayasas, os armênios, o povo de Nairi e outros elementos étnicos foram integrados e tornaram-se uma nação, falando a mesma linguagem, e vivendo juntos em um país que se tornou conhecido como a Armênia, como assinala o escritor armênio Kersam Aharonian (1916-1981).
Ruínas da antiga Artaxata em Artashat, Armênia. Foto por Athanatoi no Panoramio |
A Rainha Satenik
Os alanos constituíam um povo iraniano com origem no nordeste do Cáucaso e vínculos étnicos com os sármatas. Após a sua conquista das terras do Cáucaso (na atual Geórgia), os alanos migraram mais para o sul, e atravessando o rio Kur, entraram na Armênia. Artaxias reuniu uma grande força para enfrentar a ameaça alana e uma guerra feroz ocorreu entre os dois lados, resultando na captura do jovem filho do rei alano. Os alanos foram forçados a recuar para o rio Kur e montaram um acampamento no lado norte do rio. Entretanto, o exército de Artaxias os perseguiu e estabeleceu seu acampamento no lado sul do Kur. O rei dos alanos pediu um tratado de paz eterna a ser celebrado entre o seu povo e os armênios e prometeu dar a Artaxias tudo o que quisesse, desde que libertasse seu filho; mas o rei armênio recusou-se a fazê-lo. Neste momento, Satenik, filha do rei alano, chegou perto da margem do rio e, através de um intérprete, solicitou a Artaxias que libertasse irmão alegando que era impróprio dos heróis (lisonja ao rei armênio) que se destruísse os grandes guerreiros e assim dois povos valentes vivessem em perpétua inimizade. Ouvindo estas palavras e vendo Satenik, Artaxias foi imediatamente cativado pela sua beleza. O rei armênio chamou um de seus comandantes militares, Smbat Bagratuni, e confessando o seu desejo de Satenik, expressou sua vontade de concluir o tratado com os alanos e ordenou a Smbat que a trouxesse para ele. Smbat enviou mensageiros ao rei alano que recusou. Inconformado, Artaxias atravessou o rio e raptou Satenik. Após o rapto, Artaxias concordou em pagar aos alanos vastas quantidades de ouro e couro vermelho, sendo esse último um material altamente valorizado pelos alanos. Com isso, os dois reis concluíram um tratado de paz e um casamento luxuoso e magnífico ocorreu. Moisés de Chorene, o célebre historiador armênio, afirmou que durante o casamento de houve uma “chuva de ouro” sobre Artashes e uma "chuva de pérolas" sobre Satenik. Eles tiveram seis filhos: Artavasdes (Artavazd), Vruyr, Mazhan, Zariadres (Zareh), Tiran e Tigranes (Tigran).
Satenik falando ao rei Artaxias I. |
Tempos de Guerra e de Morte
As reivindicações dos reis armênios por independência não permaneceram por muito tempo sem contestação. Afinal, a Armênia pertencera ao Império Selêucida de 200 a 190 e só ficara independente por causa do declínio do poder de Antíoco III frente aos romanos. O novo rei selêucida Antíoco IV Epifânio, filho de Antíoco III, depois de travar guerras bem-sucedidas na Síria e no Egito, voltou seus olhos para o Oriente e investiu contra a Armênia. Em cerca de 165 Artaxias é derrotado por Antíoco IV e feito prisioneiro. O rei armênio recuperou a sua liberdade através do reconhecimento da suserania dos Selêucidas sobre a Armênia. Mas, isso não o impediu de continuar a intervir na política do Oriente: solicitou a ajuda do rei Ariarates V da Capadócia para conquistar Sofene, após a morte do rei Zariadres, o que não se concretizou. Também incentivou a rebelião de Timarco, sátrapa da Média, contra os Selêucidas. Artaxias morreu em cerca de 160/159 a.C. De acordo com Moisés de Chorene, no funeral de Artaxias, seu corpo foi acompanhados pela morte voluntária de suas esposas, concubinas e servidores. Foi sucedido por seu filho Artavasdes I.
O funeral de Artaxias I |
FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Artaxias_I
http://fr.wikipedia.org/wiki/Artaxias_Ier
http://es.wikipedia.org/wiki/Artaxias_I
http://www.iranicaonline.org/articles/artaxias-i-arm
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Gazetteer/Places/Asia/Armenia/_Texts/KURARM/12*.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Artashat
http://www.panoramio.com/photo/23311859
http://en.wikipedia.org/wiki/Satenik
http://hy.wikipedia.org/wiki/%D5%8A%D5%A1%D5%BF%D5%AF%D5%A5%D6%80:Art-sath.jpg
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