sexta-feira, 3 de agosto de 2012

ORONTES I (401 – 344 a.C.)

Origens
Orontes, às vezes chamado de Orontes I (em armênio Երուանդ Ա, Yervand I), foi um sátrapa do Império Persa que comandou a Armênia entre 401 e 344 a.C. A versão persa do nome é Auruand que significa "grande guerreiro"  na língua avesta. É provável que este nome também fosse um título especial dado pelo rei persa para o armênio escolhido para governar o país em seu nome, embora isso pareça ter se tornado um título hereditário de família, já que talvez Orontes I seja descendente de Orontes Sakavakyats, primeiro rei armênio da dinastia orôntida. De acordo com as fontes gregas (Heródoto, Estrabão) Orontes foi feito sátrapa de Sofene e Matiene (Mitani), regiões que correspondem a Armênia ocidental e oriental. Sendo ou não da dinastia orôntida, sendo persa ou armênio, ele faz parte do chamado período orôntida da Armênia.
Relevo do palácio aquemênida de Persépolis retra-
tando um armênio pagando tributo ao Grande Rei
Há dúvida considerável sobre a origem de Orontes. Alguns autores antigos (Xenofonte, Pompeio Trogo) se referem a Orontes como um bactriano e que seu pai, Artasyrus (Artaxerxes?), teria sido o sátrapa da Báctria (país iraniano em terras que hoje são o Afeganistão) no reinado do rei Artaxerxes II Mnêmon (404-358 a.C.). É interessante notar que durante o Império Aquemênida, a Báctria era governada pelo herdeiro do trono. É possível que Artasyrus seja a mesma pessoa que o rei Artaxerxes II. Este rei teve sete filhos conhecidos e onze filhos cujos nomes não são conhecidos nos registros históricos do Ocidente. Seria Orontes um deles? De acordo com Plutarco (Arato 3,5) ele parecia na aparência com um personagem da mitologia grega: o trágico Alcmeon, filho de Anfiarau.
Moeda persa do tempo de Artaxerxes II
A obra Anabasis de Xenofonte menciona que a região próxima ao rio Centrites foi defendida pelo sátrapa de Artaxerxes II sobre a Armênia, chamado Orontes, filho de Artasyras, que comandava contingentes armênios. Essa região ficava na fronteira entre a Armênia e o país dos carducianos. Xenofonte mencionou que ele teve um filho chamado Tigranes. Seu sucessor foi Artashata, chamado pelos gregos de Codomano (o futuro rei persa Dario III) e depois de Codomano essas satrápias foram governadas por Orontes II. Se ele era a mesma pessoa que o Tigranes mencionado não pode ser confirmado. A ele foi dado a essas satrápias após a Batalha de Cunaxa em 401 a.C. por ter apoiado o rei Artaxerxes II contra Ciro, o Jovem, o qual pretendia usurpar o trono persa. É provável que ele governou a partir de Armavir como seus antecessores. Orontes I  se casou com Rodogoune, filha do rei Artaxerxes II com uma de suas concubinas.
Batalha de Cunaxa


Guerra e Conspiração em Chipre
Orontes é em seguida mencionado em 381 a.C. na campanha persa para reconquistar Chipre que fora tomada pelo líder rebelde, o rei Evagoras. Orontes comandava o exército, enquanto a marinha estava sob o comando de Tiribazo. Eles conseguiram sitiar a cidade cipriota de Salamina. Evagoras, abandonado por seus aliados, foi forçado a discutir os termos de sua rendição. Tiribazo, que detinha o comando supremo, condicionou a rendição a que as forças de Evagoras deviam se retirar de todas as cidades de Chipre e ele sozinho deveria pagar ao rei persa um tributo fixo anual, e que ainda ele deveria obedecer às ordens reais como um escravo ao seu senhor. Embora estes fossem termos duros, Evagoras concordou em todos eles, exceto o quanto a obedecer a ordens do rei persa como escravo, dizendo que isso deveria ser assunto de rei para rei. Quando Tiribazo não concordou com isso, Orontes, que segundo Diodoro Sículo em sua Biblioteca Histórica, invejava a alta posição de Tiribazo, secretamente enviou cartas a Artaxerxes contra Tiribazo acusando o general de que, embora fosse capaz de tomar Salamina, não o estava fazendo, mas estava recebendo embaixadas de Evagoras e conferenciando com ele sobre a questão de terem uma causa em comum. Orontes acusou ainda Tiribazo de concluir uma aliança privada com os espartanos, então hostis ao Império Persa. 
[Illustration]
Ilustração de relevo que retrata o sátrapa Tiribazo recebendo delegados gregos
 Acusou-o ainda de consultar oráculos sobre seus planos para a revolta, e, principalmente, que ele estava ganhando para si os comandantes das tropas por atos de bondade, trazendo-os para si com honras, presentes e promessas. Ao ler a carta, o rei Artaxerxes II, acreditando nas acusações, escreveu a Orontes para prender Tiribazo e enviá-lo ao rei. Tiribazo foi preso e enviado à corte onde aguardou seu julgamento enquanto o rei resolvia seus conflitos com os cadúsios. Orontes assumiu o comando do cerco de Salamina. Porém, Evagoras permaneceu resistente e os subordinados de Orontes estavam ressentidos com o que ocorrera a Tiribazo. Assim, temendo um grande fracasso, tratou de selar a paz com Evagoras nos termos deste, no qual o tratamento dele com o rei persa não seria de escravo para senhor, mas de rei para rei. Assim Orontes pôs fim a dez anos de luta entre persas e cipriotas. Após resolver as questões com os cadúsios, Artaxerxes II se voltou para Tiribazo que ao defender-se foi inocentado das acusações pelo voto unânime dos juízes reais. Orontes, então, caiu no desfavor do rei como um conspirador e foi tirado da relação de amigos do rei, embora esse continuasse a servir-se dos seus préstimos uma vez que 20 anos depois encontramos Orontes como sátrapa da Mísia, região costeira da Anatólia.
A Revolta dos Sátrapas


A Revolta dos Sátrapas
Em 372 a.C., uma grande rebelião de governadores persas contra o rei Artaxerxes II ocorreu na Anatólia, liderada por Datames, sátrapa da Capadócia. É a chamada Revolta dos Sátrapas. Em 362, Orontes adere à revolta e é escolhido como seu líder devido a sua origem nobre, seu parentesco com o rei, e não menos importante, o seu grande ódio ao rei. Aparentemente, ele queria governar a Anatólia e a Armênia sozinho. Ele tinha fundos suficientes para traçar tais coisas, uma vez que se registra que ele tinha uma fortuna pessoal de 3.000 talentos de prata. Ele cunhou suas próprias moedas em Clazomenas, Foceia e Lâmpsaco na Jônia, um claro sinal de independência e revolta. Entretanto, ele traiu seus companheiros sátrapas,enganados por seu amor ao poder e fraude, e reafirmou seu compromisso com o rei. A rebelião entrou em colapso pouco tempo depois. Por causa disso Orontes recebeu grande parte da costa do mar Egeu, enquanto Datames foi morto depois que seu genro Mitrobarzanes o traiu. Ariobarzanes da Frígia também foi morto, mas outros sátrapas foram perdoados e assim terminou a rebelião.
File:Orontes II.jpg
Moeda com a efígie de Orontes

A Nova Rebelião de Orontes
Mesmo finda a rebelião dos sátrapas, Orontes revoltou-se uma segunda vez, provavelmente devido à sua insatisfação com as recompensas do rei por sua "fidelidade" e lançou vários ataques, que continuaram até o reinado do novo rei persa, Artaxerxes III Oco (359-338 a.C.). Com a posse de partes do oeste da Anatólia, ele travou uma batalha contra o sátrapa de Dascílio. Em 349-348, ele foi homenageado por um decreto dos atenienses com os direitos cívicos e uma coroa de ouro, ao qual pertencem os fragmentos de pedra de uma aliança, controversos em relação ao seu tempo, entre Orontes e Atenas. Talvez essa aliança fosse do tempo da Revolta dos Sátrapas (372-362 a.C.). Durante esse tempo, ele também conquistou e ocupou a cidade de Pérgamo, conforme indica o texto de uma inscrição chamada Crônica de Pérgamo; mas, finalmente ele deve ter se reconciliado com Artaxerxes III, uma vez que a inscrição de Pérgamo continua a dizer que ele devolveu a cidade ao rei persa e morreu em seguida (supostamente em 344 a.C.).

Legado
Da linhagem de Orontes surgirá em 317 a.C. uma nova dinastia de reis armênios chamados de Orôntidas que governará a Armênia até c. de 200 a.C. Os reis do Reino de Comagene (um pequeno reino helenístico de origem armênia localizado hoje na província de Adıyaman no sudoeste Turquia) reivindicavam que descendiam de Orontes e do grande rei persa Dario I da Pérsia como seu antepassado, por seu casamento com Rodogoune, filha de Artaxerxes II, que descendia do rei Dario I.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Orontes_I
http://www.iranicaonline.org/articles/orontes
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Diodorus_Siculus/15A*.html
http://www.heritage-history.com/www/heritage-books.php?Dir=books&author=younghusband&book=retreat&story=satrap

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