Vramshapuh (armênio: Վռամշապուհ), cujo nome é também grafado como Vramshapouh, Vramšapuh, Vrhamshapuh, Vram-Shapouh, Bahram Shapur e Bahram-Shahpur foi um rei armênio vassalo do Império Sassânida de 389 até 417. O nome que Vramshapuh tinha antes de sua realeza é desconhecido, sendo que ele é conhecido apenas pelo seu nome régio. O nome Vramshapuh é a armenização e aglutinação dos nomes persas Bahram e Shapur. Quando Vramshapuh sucedeu seu irmão Khosrov IV em 392 como rei vassalo dos Sassânidas na Armênia, Vramshapuh assumiu este nome em homenagem ao rei sassânida Bahram IV. Os nomes Bahram e Shapur eram nomes dinásticos da dinastia sassânida e demonstram a influência político-cultural que os Sassânidas tinham sobre os monarcas armênios. Ele foi o último grande rei arsácida da antiga Armênia em cujo reinado os armênios tiveram um importante movimento religioso e cultural. As origens exatas do Vramshapuh são desconhecidas. Ele nasceu e cresceu na Armênia e pouco se sabe sobre sua vida antes de seu reinado. O historiador armênio Ghazar Parpetsi (séculos V e VI) em sua História da Armênia apresenta Vramshapuh como um príncipe da dinastia dos Arsácidas sem mencionar seu grau de parentesco. Ghazar Parpetsi também cita-o como irmão de Khosrov IV e pai de Artaxias IV (Artashir IV). De acordo com genealogias modernas, Vramshapuh é um dos filhos do rei armênio Varazdat (374 - 378).
Rei Sem Coroa
Após anos de impasses e conflitos, romanos e persas decidiram dividir a Armênia entre si em 387 d.C. O lado sob a suserania romana, a Armênia ocidental, foi governado por Arsaces III e quando esse morreu o país foi transformado em província romana. O lado oriental, sob a tutela dos persas, é comumente chamado de Persarmênia, e o rei Sapor III, atendendo a solicitação da nobreza armênia, designa como governante o jovem Khosrov IV, da antiga casa real dos Arsácidas. Por volta de em 389 o rei persa Bahram IV, motivado por denúncias da nobreza armênia contra Khosrov IV, que alegavam sua simpatia para com o Império Romano, depõe o rei e o exila para uma prisão em Ctesifonte, a capital sassânida. Os armênios solicitam ao rei sassânida outro rei da dinastia dos Arsácidas para governar a Armênia. Bahram IV concorda com seu pedido, entronizando a Vramshapuh, irmão de Khosrov IV, como o novo monarca vassalo dos Sassânidas na Armênia. Não obstante, Bahram IV não confere ao dinasta armênio o título de rei (tagavor em armênio). Bahram IV não impôs o zoroastrismo, religião oficial dos persas, aos armênios que seguiam o cristianismo, inclusive Vramshapuh. Mesrop Mashtots continuou em seu papel de escriba real e secretário imperial, cargos que ocupava desde o reinado de Khosrov IV. Sahak, filho do grande catholicos (patriarca) Nerses, continou como patriarca da Igreja Armênia durante o reinado de Vramshapuh. Sahak e Vramshapuh eram parentes distantes por meio da avó paterna de Sahak, Bambish, uma princesa arsácida.
Rei Sem Coroa
Após anos de impasses e conflitos, romanos e persas decidiram dividir a Armênia entre si em 387 d.C. O lado sob a suserania romana, a Armênia ocidental, foi governado por Arsaces III e quando esse morreu o país foi transformado em província romana. O lado oriental, sob a tutela dos persas, é comumente chamado de Persarmênia, e o rei Sapor III, atendendo a solicitação da nobreza armênia, designa como governante o jovem Khosrov IV, da antiga casa real dos Arsácidas. Por volta de em 389 o rei persa Bahram IV, motivado por denúncias da nobreza armênia contra Khosrov IV, que alegavam sua simpatia para com o Império Romano, depõe o rei e o exila para uma prisão em Ctesifonte, a capital sassânida. Os armênios solicitam ao rei sassânida outro rei da dinastia dos Arsácidas para governar a Armênia. Bahram IV concorda com seu pedido, entronizando a Vramshapuh, irmão de Khosrov IV, como o novo monarca vassalo dos Sassânidas na Armênia. Não obstante, Bahram IV não confere ao dinasta armênio o título de rei (tagavor em armênio). Bahram IV não impôs o zoroastrismo, religião oficial dos persas, aos armênios que seguiam o cristianismo, inclusive Vramshapuh. Mesrop Mashtots continuou em seu papel de escriba real e secretário imperial, cargos que ocupava desde o reinado de Khosrov IV. Sahak, filho do grande catholicos (patriarca) Nerses, continou como patriarca da Igreja Armênia durante o reinado de Vramshapuh. Sahak e Vramshapuh eram parentes distantes por meio da avó paterna de Sahak, Bambish, uma princesa arsácida.
Moeda do reinado de Bahram IV que colocou Vramshapuh como dinasta da Armênia |
Vramshapuh manteve relações pacíficas com o Império Bizantino (Romano Oriental) e o Império Sassânida (Persa). Ele também é conhecido pela missão de paz bem sucedida na Mesopotâmia para mediar entre a persas e romanos. Vramshapuh conseguiu ganhar a confiança do rei persa, bem como a dos armênios que eram pró-romanos. Através da manutenção de boas relações e de mediar a paz para ambos os impérios, Vramshapuh foi capaz de estabelecer uma paz interna que contribuiu para a melhoria do país. O cristianismo foi capaz de penetrar mais na cultura armênia, o que conteve a propagação das crenças pagãs. Em cerca de 402, o rei persa Yazdegerd I conferiu a Vramshapuh o título de rei. O rei sassânida ratificou a Sahak como patriarca cristão dos armênios e Vramshapuh promoveu o genro de Sahak para o alto cargo de general. Vramshapuh nomeou, de acordo com suas prerrogativas reais, o mardpet, o guardião do seu harém (que também era o administrador do domínio real) e o apset que colocou a coroa na sua cabeça Vramshapuh, na sua cerimônia de coroação. Em seu reinado, Vramshapuh foi considerado sábio e beneficente sendo seu governo um período de paz e prosperidade religiosa e cultural, o último lampejo da força e beleza do reino da Armênia Arsácida.
Vramshapuh e sua corte |
A Criação do Alfabeto Armênio: Uma Revolução Cultural
O reinado de Vramshapuh é mais conhecido pelo seu patrocínio a Mesrop e Sahak para a criação do alfabeto armênio em 405-406. A criação do alfabeto armênio trouxe um último momento de glória para os Arsácidas. Vramshapuh enviou Sahak à corte sassânida para pedir autorização para a criação de um alfabeto armênio. Vramshapuh se interessou pelo projeto e se tornou material e moralmente o grande patrono do projeto de alfabetização. Mesrop Mashtots tinha estudado em uma das escolas estabelecidas pelo patriarca Nerses adquirindo, dentre outras coisas, o domínio das línguas grega, siríaca e persa. Depois de vários anos de serviço no exército, ele foi nomeado secretário real. Mas ele não estava satisfeito nesta posição; aspirando a algo mais transcendental, ele renunciou a seu posto e entrou para o serviço da Igreja. Ele tinha cerca de 40 anos de idade em 394, quando ele assumiu o seu primeiro trabalho em Goghten, a Agoulis atual, onde começou a ensinar e pregar com vários colegas. Depois disso, mudou-se para outras áreas, encontrando escuridão espiritual dos distritos montanhosos do norte e do leste do país, onde o paganismo tinha numerosos seguidores.
Mesrop Mashtots |
A Armênia foi o primeiro Estado a adotar o cristianismo como religião oficial (301 d.C.), o que ocorreu durante o reinado de Tiridates III (287 – 330). Porém, a disseminação da fé cristã foi lenta por que a Igreja e a sociedade armênia não interagiam plenamente. Leituras, orações e cânticos eram conduzidos em siríaco ou grego. Os clérigos eram em sua maioria estrangeiros que não estavam familiarizados com a língua armênia. Traduções ocasionais não se aproveitavam. Segundo o historiador armênio Fausto de Bizâncio, as comunidades de fé não podiam memorizar "qualquer coisa, nem a metade”. Diante de tal problema, Mesrop procurou Sahak Partev, o patriarca da Igreja, e confidenciou sua preocupação, a qual Sahak, que era um líder acadêmico e zeloso, também tinha. Eles concordaram que sermões, orações e cânticos deviam ser ouvidos no língua armênia até mesmo devia ser providenciada uma tradução das Sagradas Escrituras para o vernáculo. Porém, os armênios não tinham alfabeto com que escrevê-los. O velho alfabeto cuneiforme ou hieroglífico, outrora utilizado em templos e nos tribunais, havia sido descartado e substituído por caracteres persas ou gregos ou siríacos. Sendo assim para tornar a fé cristã acessível e compreensível ao povo um alfabeto era necessário.
Sahak Partev |
Por sugestão do rei Vramshapuh, Mesrop foi buscar um antigo conjunto de caracteres armênios na biblioteca de um bispo sírio chamado Daniel em Edessa. Depois de dois anos de experiência, os caracteres se mostraram inadequados. Os jovens discípulos de Mesrop dedicaram-se a pesquisar os caracteres ideais. Havia dois centros, Samosat, no Eufrates, no território bizantino, e Edessa (Urfa), na Síria sob domínio persa, onde os jovens estudantes foram pesquisar. Por fim, após anos de intenso trabalho, preocupação e oração, em 405 o alfabeto armênio ficou pronto. De acordo com alguns cronistas armênios antigos, pela adição de 12 letras para as do alfabeto de Daniel de Edessa (sete vogais e cinco consoantes), Mesrop criou o que se tornou o alfabeto armênio atual (as letras "o" e "f" foram adicionados no século XII). Um especialista em caligrafia grega, Rhupanus, arranjou as letras, 36 ao todo, segundo a ordem grega. O alfabeto corresponde perfeitamente às exigências fonéticas da língua armênia, e através do seu uso pode-se dar o som exato de quase todas as palavras em qualquer outra língua. Mesrop também produziu uma gramática que fixou por escrito as regras gramaticais do armênio. O eminente lingüista H. Ajarian defende que Mesrop, depois de descartar por completo os caracteres de Daniel, inventou por si mesmo todas as letras do alfabeto armênio.
Monumento a Mesrop Mashtots, inventor do alfabeto armênio em Yerevan, capital armênia |
Segundo o historiador Vahan M. Kurkjian, a tradição de que o alfabeto armênio foi uma criação miraculosa foi conveniente a fim de pacificar os eclesiásticos gregos e o imperador Teodósio II, que viu nele uma nova arma pelo qual o espírito nacional armênio poderia ser reforçado, uma vez que no lado romano, os armênios não tinham mais um reino e faziam parte de uma província. Certamente a invenção do alfabeto armênio foi um dos canais de preservação da nação, apesar de séculos de invasões e tumultos políticos. O alfabeto armênio foi uma grande ferramenta para unificar os armênios que viviam no Império Bizantino e no Império Sassânida e para dar uma identidade cristã para o povo armênio. É também a chave para a sobrevivência da cultura e identidade armênia, proporcionando forças coesivas na sociedade com um padrão em torno do que se concentrar ante tantas pressões externas e internas. Para além das conquistas culturais e políticas, o grande motivo da criação do alfabeto armênio era a propagação e consolidação do cristianismo. O Antigo e o Novo Testamentos foram traduzidos para o armênio, e incentivou-se os clérigos mais jovens a traduzir as obras dos Pais da Igreja primitiva: os escritos de Efrém da Síria, o Hexameron de Basílio de Cesaréia, as homilias de João Crisóstomo, a História Eclesiástica de Eusébio, a História da Conversão de Edessa, a correspondência (apócrifa) de Jesus com Abgar pelo sírio Laboubna, a liturgia siríaca e a de São Basílio. Há hinos atribuídos a Mesrop e Sahak.
Monumento a Sahak Partev e Mesrop Mashtots em Yerevan |
O rei Vramshapuh providenciou fundos e assistência a empreitada, apoiando Mesrop e Sahak na realização de missões educacionais e religiosas no ensino do novo alfabeto aos armênios. Isto fez com que os armênios entendessem melhor o cristianismo e a leitura das Escrituras, em especial, a pregação do cristianismo em seções ainda pagãs do país. Tal fato ter ocorrido no reinado de Vramshapuh e ter sido incentivado pelo rei tornou-o célebre na lista dos governantes armênios. A criação do alfabeto armênio durante o reinado de Vramshapuh marcou um momento simbólico na história do país que resultou no florescimento da literatura armênia. Mas esse alvorecer cultural começo a sentir oposição política no lado bizantino, onde o governador grego da Armênia Ocidental proibiu o ensino de letras armênias. Uma delegação liderada por Mesrop e Vardan Mamikonian foi enviada a Constantinopla para protestar contra esta decisão e obtiveram êxito. O imperador Teodósio II e sua irmã e cogovernante Pulquéria não só concederam a permissão para o ensino do novo alfabeto na Armênia, como financiaram o projeto.
Após esse momento, pouco se sabe sobre os anos restantes do reinado de Vramshapuh. Ele morreu em 417 deixando seu filho, Artaxias IV, como virtual sucessor, porém sendo muito jovem para sucedê-lo. Após a morte de Vramshapuh, o patriarca Sahak visitou a corte sassânida e solicitou ao rei Yazdegerd I a liberação de Khosrov IV do seu exílio político e sua restauração ao trono armênio, o que de fato aconteceu. Porém o segundo reinado de Khosrov IV foi curto (417 – 418). Sendo Artaxias IV ainda menor, a Armênia foi governada pela administração conjunta dos persas e dos nakharars armênios até que o filho de Vramshapuh assumisse o trono em 422. No ano de 2005 ocorreu o 1600º aniversário da invenção do alfabeto armênio. Para comemorar a ocasião, o Banco Central da Armênia emitiu moedas comemorativas de prata com o valor nominal de 100 Dram, dedicados a Vramshapuh.
Imagem comemorativa da criação do alfabeto armênio: O rei Vramshapuh e seu séquito, com o patriarca Sahak Partev segurando as Escrituras e Mesrop Mashtots com o alfabeto armênio |
Moeda comemorativa com a efígie de Vramshapuh |
FONTES:
http://remacle.org/bloodwolf/historiens/lazare/histoire.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Vramshapuh
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Gazetteer/Places/Asia/Armenia/_Texts/KURARM/19*.html
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Bahramiv.jpg
http://www.hyeetch.nareg.com.au/armenians/large/vramshabouh.GIF
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ru/f/fa/Vramshapuh.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/St_sahak_partev.jpg/280px-St_sahak_partev.jpg
http://sphotos-a.xx.fbcdn.net/hphotos-ash4/295264_386419864725627_1581062235_n.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/AM_100_dram_Ag_2005_all_Vramshapuh_b.png
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/AM_100_dram_Ag_2005_all_Vramshapuh_b.png
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